sábado, 15 de novembro de 2008


Governo de Rondônia divulga informação mentirosa sobre falsa decisão do TSE suspendendo eleições

Mesmo diante da mentira grosseira, o governador Ivo Cassol aproveitou a farsa para atacar o Judiciário rondoniense, numa clara tentativa de desmoralizar os membros da Corte Eleitoral
Bateu o desespero no Palácio Getúlio Vargas e a camarilha aloprada que cerca o governador cassado Ivo Cassol (sem partido) decidiu partir para o tudo ou nada na área da Comunicação Social, recorrendo, inclusive, à mentira e à falsificação grosseira. O site do Governo de Rondônia publicou, nesta sexta-feira, a informação de que o Tribunal Superior Eleitoral havia determinado ao Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia a suspensão dos preparativos para a nova eleição em Rondônia, marcada para o dia 14 de dezembro. A notícia divulgada pelo Governo de Rondônia, utilizando indevidamente o nome da mais alta Corte Eleitoral do País, é falsa, um embuste, um engodo, uma trapaça. Consequentemente, as eleições estão mantidas.
O texto sabidamente falso foi divulgado pelo Departamento de Comunicação do Governo na manhã desta sexta-feira, no site oficial do Estado, mas somente às 22 horas o Decom enviou um comunicado se auto-desmentindo. Descoberta a farsa, o Governo tratou de tirar a "notícia" do ar e enviou um comunicado às redações dos veículos de comunicação se desculpando pela tramóia mas, ao mesmo tempo, não esquecendo de tentar isentar o governador Ivo Cassol de participação na armação. "O Governo do Estado, através do Decom, e o governador Ivo Cassol, prezam pela veracidade da informação, e lamentam que este equívoco tenha levado outros veículos de comunicação a divulgarem igualmente matéria incorreta, e informa que já foram tomadas as providências cabíveis para que tal engano não se repita", diz um trecho da Nota de Esclarecimento divulgada à noite pelo Palácio para tentar minimizar a gravidade dos fatos.
O mais surpreendente é que o governador Ivo Cassol usou uma informação mentirosa para atacar o Judiciário rondoniense. “Segundo o Chefe do Executivo estadual, o mau uso da lei por parte do Judiciário leva intranqüilidade à população, especialmente investidores, que temem a volta do clima de instabilidade que tanto prejudicou o estado há menos de três anos. Fui julgado politicamente e me condenaram, agora estou buscando meus direitos em instâncias superiores, que estão reconhecendo e fazendo Justiça, disse Cassol”, de acordo com a notícia falsa veiculada no site do Governo do Estado.
Mas a mentira não parou aí. Ainda de acordo com a “notícia” veiculada no site oficial, “ao comentar a decisão, o governador Ivo Cassol lembrou que esta não é a primeira vez que uma decisão política do TRE de Rondônia acaba sendo derrubada em Brasília (sic)”.
Não se sabe se a ordem para divulgar a mentira partiu diretamente de Cassol, que perdeu o mandato porque, além de estar implicado em compra de votos que o beneficiaram nas eleições de 2006, também é acusado de participação num esquema criminoso para silenciar as testemunhas, utilizando inclusive a Polícia Civil de Rondônia para coagir os vigilantes que denunciaram a compra de votos.
Gravações feitas pela Polícia Federal mostram, no entanto, que esta não é a primeira vez que o governador usa o aparato do Estado para tentar tumultuar o processo que apurou a compra de votos. O próprio Decom já foi utilizado anteriormente por Cassol para plantar notícias falsas na imprensa chapa branca (mantida com dinheiro público) contra as testemunhas da compra de votos, tentando desqualificá-las. Um repórter do Decom conversou com o delegado Hélio Teixeira, da Polícia Civil de Rondônia, que conduziu o inquérito paralelo sobre a compra de votos instaurado a mando do governador. O telefonema foi gravado pela PF, que concluiu estar o governador utilizando o órgão de comunicação oficial para divulgar informações distorcidas sobre o caso, com o claro intuíto de prejudicar as investigações em curso na Polícia Federal contra o chefe do Poder Executivo Estadual e o senador Expedito Júnior, além de Val Ferreira, José Antônio e outras pessoas envolvidas na compra de votos e coação à testemunhas.
Dessa vez, a “matéria jornalística” mentirosa divulgada pelo Governo de Rondônia desce a minúcias de detalhes sobre a suposta decisão do TSE que nunca existiu. Tudo não passou, na verdade, de mais uma tentativa governamental de desqualificar , desacreditar e desmoralizar a Corte Eleitoral rondoniense, jogando a opinião pública contra os magistrados, para colocá-los na posição de vilões, e o governador, na de vítima de uma trama política supostamente urdida no Judiciário.
O TRE cassou o mandato do governador Ivo Cassol porque ficou provado que este foi beneficiado com a compra de cerca de mil votos dos empregados da firma Rocha Vigilância, de propriedade do senador Expedito Júnior, outro que foi cassado pela terceira vez pelo mesmo motivo. Além da compra de votos, Cassol se envolveu, de acordo com a denúncia do Ministério Público Eleitoral, num esquema criminoso para tentar silenciar as testemunhas - seja por meio de oferecimento de vantagens, com propostas de suborno de até R$ 3 milhões ou emprego na PM e no Detran; seja por meio de ameaças e até de disparos de arma de fogo durante a madrugada na casa de parentes dos vigilantes que testemunharam no inquérito. Correndo risco de vida e pressionadas pela Polícia Civil de Rondônia para voltarem atrás em seus depoimentos contra Cassol e Expedito, as testemunhas foram incluídas num programa de proteção e retiradas do Estado sob forte escolta da Polícia Federal.

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